DIZER CHEGA
Vivo em busca dos cheiros, dos gostos, dos recheios.
Quero entender porque os ventos sopram, as chamas descamam,
os senãos atolam nossa fé.
Quero sentir a voz das almas sem freio, aquelas mesmas
que colocamos no travesseio antes do repouso atracar de vez.
Quero ser capaz de ser amplo nos desapegos, escasso
no orgulho, imenso na gratidão, suave na fé.
Quero ser meu próprio enredo, minha própria pegada,
meu próprio chão, minha própria bengala.
Quero ter fantasias de sobra quando esquecer minhas máscaras,
quero ser ouro quando tudo virar um fétido amém.
Quero me lambuzar de sonhos, encharcar meus medos
de cabelos brancos e me fazer de novo sêmen só para
ter o direito de recuar não hora de fecundar.
Quero dizer chega quando o tédio, a vergonha e o desafinado
dos homens for a única lição de casa de Deus.
Então, não podendo ser de outro modo, vou poder voar pra onde
meu suor me jogar e lá ficar para sempre.
Porque minha missão estará, por certo, abençoada.
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