Pedaço de mim
Olhem minhas crias/
Olho as minhas mãos/
Ouço a minha voz/
Me vejo no espelho de tentações/
E sinto o meu coração/
Beber da dor/
Como se fosse Prometeu/
Em seu infinito algoz/
Pois que ainda pai/
Deixei os filhos/
E segui na incerteza/
Certa de um dia viver a paz/
Agora que sou escuridão/
Procuro a luz/
Pra incandescer os meus olhos/
Afim de curar das lágrimas vazias/
Procuro o que achei vencido/
Mas agora amanhecido/
Não tem como voltar/
O amor é só deles/
A matéria é vulgar/
Não quero acordar com as mãos/
Enlaçadas em ouro/
Quero sim, até o fim/
Abraçar e dizer de dentro pra fora/
Que o meu amor/
Ainda é de vocês/
Enveredar feito louco/
Num deserto/
Cujos sons são afetos/
E morrer a cada dia/
Esperando o povo acreditar/
Que nós/
Ainda que distantes/
Somos/
O puro amor/