Oco
É uma voz oca que canta
Sem vida, sem nexo, sem som.
Um corpo sem vida dentro
Perambula na guisa da incerteza
Na arvore carrancuda,
Um pássaro sem vôo
Parece me dizer:
Meu vôo se foi e me deixou
O homem perdeu os gestos puros
Apenas um olhar parado, oco,
Pregado no horizonte sem flama
Desesperança passiva
Há no ar, uma mistura de murmúrios e soluços
Um desespero crescente esmagando corações
A poesia definha um sonho
Por entre os escombros espúrios da inércia
Como se desfolhasse um mal-me-quer
Santa Rita do Pardo – MS
22/09/2005