Subnesquência (DIA DE FAXINA)
Eu, hoje, preciso esvaziar minhas gavetas. Liberar espaço no inconsciente e jogar fora as "tranqueiras" acumuladas ao longo do tempo, na lembrança da minha retina. Não faz sentido algum ficar andando cabisbaixo de cansaço como quem arrasta um cemitério nos ombros. Carregando pessoas que não são importantes mais na minha vida, essas pessoas que deixaram de ser presentes. Aqueles momentos que não foram 'aquilo tudo' e estão lá no cantinho da lembrança, acumulando poeira e mofo...
Eu, hoje, vou jogar muita coisa fora. A casa deve ficar bem melhor sem tanta coisa pra lembrar, pra incomodar, pra fazer tropeçar e chorar. Vou me livrar das lembranças das antigas namoradas, das antigas desavenças, das amizades que abandonaram o meu bem querer. Vou limpar a estante num instante e jogar os livros escritos à lápis fora, lavar com lágrimas e secar com o suspiro do sono pueril.
Mas, vou passar as poesias a limpo e organizar o que é indispensável. Mandar polir minhas verdadeiras amizades, dar um brilho nos entes queridos e "dar um trato" no meu amor e, com zelo, colocá-la no lugar de destaque em meu coração, esse moleque bobo que já está cansado de sofrer por causa de tanta gente morta, tanto trem quebrado, tanto uai sem Subnesquência, tanta coisa inútil que inutilmente me faz chorar. Adeus ao meu pesaroso passado, bem vindo a minha vida mais leve.
Escritor Paulo Siuves