A esmo
Essa ausência que nada consegue preencher.
Essa essência que meu olfato já não sente.
Essa voz que não escuto mais por perto.
Esse olhar fugidio que escapou do meu.
Essa esperança que já não tenho.
Essa lágrima que insiste em brotar de um coração acelerado pela dor do não.
Esse nó angustiante na garganta.
O pensamento que se dispersa no mar da solidão.
O tempo que passa
sem que eu saiba pra onde estou indo.
Esse aperto no meu peito.
A incerteza que ficou
pelos sonhos que não vou mais realizar.
Todos os planos interrompidos.
A verdade nua e crua que ainda dilacera.
Esses cacos que terei que juntar.
Como tudo está tão diferente!
Esta alegria que não alegra,
que não encanta como antes.
Tudo é incerteza.
Tudo é incompleto.
O caminho é feito a esmo.
Não vejo mais as belas paisagens nem o arco-íris.
Há um vazio tremendo nas ruas da cidade
que, de repente, se agigante sobre mim.
E o caminho é feito a esmo.
Escrito em 20/10/2014