Depois

Deixei tudo para depois:

O amor, os invernos, e os verões.

Deixei para depois o instante, a Dádiva,

e fui o depois que não chegou: O postergado.

Fui ter com o fim da vida, como o faz todo esse gado

que anda e rumina: Fui o precipitado.

Fui o precipício para quem não disseram

que haveria um chão e um fim.

Fui ter aos sete palmos de terra,

e hoje os vermes me roem.

Fui a criança que no Natal prendeu-se

na beleza do pacote:

Fui a criança que perdeu o Presente.