Súbita parada

Parecia ser de pedra seu coração

Mas num instante, entretanto

Causou admirável espanto

Esboçou simpática reação

O rosto fechado, então se abriu

Os que estavam em volta, olhou

Um sorriso falso soltou

Depois, insatisfeito, partiu

Os fúnebres momentos

Pesados de arrependimentos

Trouxeram-lhe a transformação

Logo após o último sacramento

Fechou os olhos para o sofrimento

Aceitou sua condenação

Uma vida oca, repleta de mesquinharia

Sentimentos nobres lhe faltavam

O próprio amor sequer conhecia

Apenas rancor pelas veias trafegavam

A maldade era sua única alegria

Sentia prazer quando maltratava

Aos outros, dor, decepção infligia

Com ninguém nunca se importava

Mas vejam que incrível ironia

Pois a sua última companhia

Com frequência se aproximava

Esta esperou ansiosa pelo dia

Até que num ataque súbito de agonia

Fez parar o que ele nunca usara