Depois da noite imensa, é manhã... Manhã de junho... E quando o sol nasce tão lento e frio eu sinto que “o verso cai na alma como no pasto o orvalho”. Então é nesse afã que faço teu rascunho, sentindo ainda a doçura do frio... Ah! Isso tanto me acalma! Importa até o pardal no velho galho... Então além das palavras, visto minha lã e nas rimas dou meu testemunho... Isso é tudo, talvez ... Além desse estio coberto dessa névoa que espalma... Ah! Como me atrapalho!... Mas a poesia é minha irmã, ou talvez mais que isso: é meu cunho... E só por isso não me angustio; e quando tudo parece que desalma, é dela, da poesia, que me valho...
Grifos: Pablo Neruda
Imagem: google
Sonia de Fátima Machado Silva
Enviado por Sonia de Fátima Machado Silva em 08/06/2015
Reeditado em 08/06/2015
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