NO DIA A DIA
Eu olho pro asfalto
Vejo barcos, abelhas e rosas...
Eu olho no espelho
Vejo anjos e demônios feridos
Com medo de voltar pra casa
Da incompreensão, dos castigos...
Eu brecho pelos meus olhos
Mas sei que não devia
Vejo Deus e o Diabo conversando
Disputando, conquistando pessoas
Enquanto outro pássaro voa
E mais uma bola cai no jardim
Leio outro livro em braile
Compartilho o que sinto
Em sinais com outras pessoas
Na tela o que escuto, cheiro
O que vivi e não vivi
Por pretextos os governos bombardeiam
As consequências do dia a dia
Saqueando dos sopros e corpos
Mais do que deviam e poderiam
Enquanto eu sangro e suo anestesiado
Nas cordas da harpa a rotina
Que tira a mentira da fantasia
E a verdade que se via, se sentia
Mas não existia
Em febre, saudade e crenças
Você me olha e eu confundo
Outra noite com a vida inteira
Satisfeita sorri outra vez
Se vai, mesmo prometendo ficar
Eu sei que pra essas dores faz bem
Mas não vou me consolar
Já devo tanto pra pagar também sem puder esse preço
Mas não vou tirar nada da vida
Já faz muito tempo que ela está perdendo
Não tenho crimes de guerra
Mas meus pecados não são singelos
Não tivemos filhos e deve ser por isso
Que não sou um bom exemplo
E tem mais...