NO DIA A DIA

Eu olho pro asfalto

Vejo barcos, abelhas e rosas...

Eu olho no espelho

Vejo anjos e demônios feridos

Com medo de voltar pra casa

Da incompreensão, dos castigos...

Eu brecho pelos meus olhos

Mas sei que não devia

Vejo Deus e o Diabo conversando

Disputando, conquistando pessoas

Enquanto outro pássaro voa

E mais uma bola cai no jardim

Leio outro livro em braile

Compartilho o que sinto

Em sinais com outras pessoas

Na tela o que escuto, cheiro

O que vivi e não vivi

Por pretextos os governos bombardeiam

As consequências do dia a dia

Saqueando dos sopros e corpos

Mais do que deviam e poderiam

Enquanto eu sangro e suo anestesiado

Nas cordas da harpa a rotina

Que tira a mentira da fantasia

E a verdade que se via, se sentia

Mas não existia

Em febre, saudade e crenças

Você me olha e eu confundo

Outra noite com a vida inteira

Satisfeita sorri outra vez

Se vai, mesmo prometendo ficar

Eu sei que pra essas dores faz bem

Mas não vou me consolar

Já devo tanto pra pagar também sem puder esse preço

Mas não vou tirar nada da vida

Já faz muito tempo que ela está perdendo

Não tenho crimes de guerra

Mas meus pecados não são singelos

Não tivemos filhos e deve ser por isso

Que não sou um bom exemplo

E tem mais...

Site Franklin Mano
Enviado por Site Franklin Mano em 07/06/2015
Reeditado em 08/06/2015
Código do texto: T5269725
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