Contempla o tempo

Contempla o tempo

Vê como sulca lentamente nossa face

Vê como nos obriga sempiternamente a usar novos disfarces

Vê como nos apresenta a morte como cabal enlace.

Contempla o tempo

Vê como corroi nossas antigas verdades

Vê como transforma em grilhões bandeiras de liberdade

Vê como faz amores pétreos absurda promiscuidade.

Contempla o tempo como o templo absoluto

Contempla o tempo já que a vida é seu tributo

Contempla o tempo

Vê como arrasa e planta sonhos e quimeras

Vê como transmuta sempre invernos em primaveras

Vê como faz do ser rasteiro alma etera.

Contempla o tempo

Vê como cria o que se vê e o invisível

Vê como impõe o que se nega ser plausível

Vê como faz encantar o incognoscível.

Contempla o tempo como o templo absoluto

Contempla o tempo já que a vida é seu tributo