Poema
Hoje tive a impressão
De ver-me à frente.
Um velho sentado na praça.
Seus olhos seputalvam
O fim de mais um dia.
O medo que sentimos da solidão
E o medo que temos do tempo
Refletiam-se neste quadro
Porém, sem quimera alguma.
Sem dominó ou comida aos pombos
O velho dispensava faixadas.
Tranquilamente já sabia
Que assim como o sol
Faz todos os dias
Ele também cairia
E com um sorriso cansado
Ele entende que seus rastros
Hão de subsistir na plataforma acima
Onde ele será enterrado
"Não quero caixão nem túmulo
E desejo, principalmente,
Que não me arranquem as flores
Que crescem do adubo do meu peito
Para ornamentar túmulos terceiros."