Poema

Hoje tive a impressão

De ver-me à frente.

Um velho sentado na praça.

Seus olhos seputalvam

O fim de mais um dia.

O medo que sentimos da solidão

E o medo que temos do tempo

Refletiam-se neste quadro

Porém, sem quimera alguma.

Sem dominó ou comida aos pombos

O velho dispensava faixadas.

Tranquilamente já sabia

Que assim como o sol

Faz todos os dias

Ele também cairia

E com um sorriso cansado

Ele entende que seus rastros

Hão de subsistir na plataforma acima

Onde ele será enterrado

"Não quero caixão nem túmulo

E desejo, principalmente,

Que não me arranquem as flores

Que crescem do adubo do meu peito

Para ornamentar túmulos terceiros."

Felipe Alves Freitas
Enviado por Felipe Alves Freitas em 07/06/2015
Reeditado em 08/06/2015
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