Domingo de outro jeito
Hoje é domingo
Sem pé- de- cachimbo
Cachimbo é de todos,
Aliás, nem quero cachimbo.
Quero reinventar o dia,
As horas, o jeito de pensar cada coisa.
Quero ver tudo igual
De um jeito diferente.
Quero inventar os óculos de sol,
Usar outras lentes,
Outros ângulos, talvez;
Subir no telhado, ver de ponta-cabeça,
Ver por outro lado, de trás os montes,
Por cima, talvez, verde,
Quiçá, menos doce,
Mais sal.
Que tal sentir novo sabor:
Apimentar, pigmentar, tecer com nova lã?
No afã de arranjar outros meios, chegar a fins imprevisíveis,
Sabor de novos ares, brisa que sopra de dentro,
Alento de novos olhares,
Pensares inovadores,
Maiores patamares, talvez?
Só sei que não quero mais
Antigos quereres.
Talvez o que queira mesmo seja
O velho horizonte
Sem grandes expectativas_
O que resulta inusitado
É novo olhar, saber sentir e achar
Tudo no mesmo lugar, e
O que muda é um contínuo mudar,
O jeito de fazer novas conexões,
De se conectar;
O sentido das coisas,
Cada dia diferente_
Não mudam as coisas,
Mudo eu, muda o mundo,
Por não sabê-lo mais igual,
Agora eu dou as cores,
Invento sabores,
Combino aromas novos aos já existentes.
Presumo saber um pouco mais de mim,
Das coisas que não sabia,
Das que não sabia que sabia,
Das que tenho quase certeza
Que não sei que não sei.