Caíram pedras do meu anel
Caíram pedras do meu anel
sem que houvesse atenção
de meus olhos coloridos e a
noção de uma pétala de flor
e gota d’água de um rio que
vem de longe jorrar por bocas
que dizem saber de meu coração
o pó de mesma coerência de que
é feita cada pedra de enfeitar
como fosse purpurina não só
a revelação dos acontecimentos
do dia e da noite, luminares, e
mais, cada luz morta de estrela
como fosse também eu feita de
brilhar e de ir para longe; que
como se perdem as pedras, eu
morro – ninguém mais vê a mim.
Caíram pedras de meu anel
que ficou mais triste e perdeu
um pouco de raio e trovão, e
passou mais rápido, e eu precisei
ir embora, precisei mais cedo
do que eu quis, e mais do que a
necessidade e do que o amor
para viver, para esquecer, somente
ficar a lembrança, não a tristeza.
Pequenas, as pedras deixaram
algo de mim onde não voltarei,
e para o que sou existe o rosto
da presença de quem viu cair
pedras de meu anel sem história
e sem contexto, pois não me
conhecem os que se divertem
nos gramados do breve jardim,
bem como nunca se lembrará
quem fui aquele que fora a
testemunha de meus dedos
e amigo de minha carne, meu anel.
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