Caíram pedras do meu anel

Caíram pedras do meu anel

sem que houvesse atenção

de meus olhos coloridos e a

noção de uma pétala de flor

e gota d’água de um rio que

vem de longe jorrar por bocas

que dizem saber de meu coração

o pó de mesma coerência de que

é feita cada pedra de enfeitar

como fosse purpurina não só

a revelação dos acontecimentos

do dia e da noite, luminares, e

mais, cada luz morta de estrela

como fosse também eu feita de

brilhar e de ir para longe; que

como se perdem as pedras, eu

morro – ninguém mais vê a mim.

Caíram pedras de meu anel

que ficou mais triste e perdeu

um pouco de raio e trovão, e

passou mais rápido, e eu precisei

ir embora, precisei mais cedo

do que eu quis, e mais do que a

necessidade e do que o amor

para viver, para esquecer, somente

ficar a lembrança, não a tristeza.

Pequenas, as pedras deixaram

algo de mim onde não voltarei,

e para o que sou existe o rosto

da presença de quem viu cair

pedras de meu anel sem história

e sem contexto, pois não me

conhecem os que se divertem

nos gramados do breve jardim,

bem como nunca se lembrará

quem fui aquele que fora a

testemunha de meus dedos

e amigo de minha carne, meu anel.

http://metrezuza.blogspot.com