JANELA DO PASSADO! 120
Tarde fria, cai a chuva lentamente,
Descerro a cortina do pensamento, suavemente,
Olho pela janela e vejo no vidro se formarem figuras,
De bailarinas, que dançam, envoltas em brumas...
Meu coração triste, confrangido se encolhe,
Com os punhos cerrados, bate forte em meu peito,
Corre para um canto, acabrunhado se esconde,
Não quer mais sofrer, diz ter este direito...
Meus olhos permanecem cerrados, choram,
Tento abri-los não querem ver, se negam,
Minhas pernas continuam paralisadas,
Não se afastam, estão às lembranças algemadas...
Mas minh’alma, ah, esta inconsequente, traiçoeira,
Salta na chuva e vai, em busca da imagem derradeira,
E através da vidraça, por meu choro, embaçada,
Mostra-nos, felizes... Abraçados... Na calçada molhada...