CAMINHANDO na RUA entre ANJOS ESFAQUEADOS

Cavo minha sepultura

rastejando na areia

mas a morte me despreza

sou Mathusalem perdido

na tecnologia do império glacial

carros edifícios viadutos copulam

sobre cadáveres deixados

caminhando na rua entre anjos esfaqueados

p'ra que o amanhã seja um deserto assombrado

Todos penetram nos portões do Castelo

o vampiro e o corcunda convidam a jantar

o porteiro do inferno é filho

do Camaleão com o Espelho

e retira cérebros dos transeuntes

anjos cortam os pulsos nas esquinas

sacramentadas de vício e sujeira

operários fogem pelos esgotos da aurora

levando apenas os corpos destroçados

Sou o Rei da Boca e saúdo orgias na arena

centúrias de cafetões falidos recolhem a grana

minha cabeça rolou mil vezes no chão

rasgando as entranhas da Terra

sou um canibal banguelo exposto

em jaula no centro da metrópole-vampira

espero demônios sentado no bar

mirando a bola certa no bilhar

acendo a chama da paciência

e aqueço a alma vasculhando os becos da verdade

feito amante conformado

com o atraso do outro

outro deus outro anjo

morre esfaqueado no fundo do lago

oh! deus eletrocutado

sambando black-out's

pelas noites saqueadas do País

ponhamos fogo nas vestes

é hora de abandonar os rituais