Poeta do silêncio
Poeta do silêncio
maria da graça almeida
Sou poeta do silêncio, da tortura, do tormento,
das ciladas, das caladas, da mudez e do lamento.
Sou poeta vagabundo, da mentira poeirenta,
que sorveu a gota insossa de uma língua sonolenta.
Sou poeta -dos sem lida, dos sem glória, dos sem nada-
que emprestou sua ternura a uma lua mascarada.
Sou poeta da procura e das letras apagadas
e no céu quando estiver, declamarei do eu poeta
com a voz do eu mulher, pois a minha fala esperta,
sem medida, imodesta, dirá só o que Deus quiser.