Forte
I
Você vai sofrer
quando fizerem com você
o que você faz com as palavras
quando as fala aos cuspes
e escarradas
da sua boca,
do seu nariz,
da sua falta de compaixão
com o ouvido do próximo
II
Senta aí,
quieto,
e eu te enfrento por completo
dissipando teus argumentos
com todos os meus argumentos,
te apontando o dedo,
o mesmo,
que você me aponta
com culpa
III
O único culpado é você
me interpretando como qualquer livro da sua estante
depois diz não saber o motivo
de eu ser distante
e meio assim, diferente
dos livros da sua estante.
IV
Eu sempre fui vítima
nas situações que você diz que não sou vítima, também
Vítima da falta de compreensão
de todos os dias
que cada dia
nos mata hoje,
amém.
VI
Vez ou outra gosto da sua postura
de como lida com meu riso e choro
por instinto,
Mas vez ou outra acho tortura
não haver entre nós nenhuma mistura
como se o que pudesse se misturar
já estivesse extinto
à essa altura.