Divagações necessárias

Bens sabes que minha queixa

não repousa em ti, nem no que

pensas ser meu gratuito lamento.

Minha fala rouca e sempre inoportuna

penso eu sufocar-te, porém, não a digo

tendo em mente isso que parecer ser.

Tenhas certeza, que dita por vezes incansáveis,

bem maior me fazes se assim parecer, dizer-me,

posto que, satura o olhar quem só olha para o sol.

Que a chuva venha e banhe o corpo nu

Que o silêncio não bloqueie o diálogo

Assim, me parece, a lógica da vida e da amizade.

Para meus amigos, eu que de mim não tenho nada,

deposito minha fé que neles encontro meu repouso.

Que a noite insone não perturbe o riso

Que o encontro não se adie sem que disso saibam.

Chegará o dia em que o adeus será necessário

Não tardará para que a distância seja melhor

e o riso se restabeleça como noutros tempos.

O jardim no outono perde suas flores

e vem a primavera para que o colorido vença.

A hora do adeus não é o fim, é apenas

a contatação de que no cais braços estarão abertos.