(((Sem Asas)))
Entremeando caminhos, à luz opaca eu me dirijo.
Entrelaçado por artérias, o vermelho corta listras em mim.
Me precipito no cinza, no céu gasoso.
Em nuvens orvalhadas de lágrimas.
Dos olhos cintilantes de euforia, só um amargo na retina.
Só um paladar visual de promessas fugazes, teimosas, estéreis.
Tudo inexiste!
Somente um brando raio.
Somente a poeira bailando à esmo, na petulante fresta de luz.
No já ausente brilho da lua.
Meus passos então se enfileiram um a um, já claudicantes.
O cansaço cala minha voz, subtrai minhas palavras.
Desperta meu sono.
E a estrada vai ao longe, vai ao fundo.
Vai.
Sem parada.
Sem vôo.
Sem asas.
Vai.
Não volta.