Ode Paulistana
Os ares da minha São Paulo.
Noites de automóvel sob um céu de jabuticaba.
Av. Paulista...
São Paulo que me faz parar e calar e entristecer...
Em tardes de domingo...
Em frente a palacetes.
São Paulo... A volta do museu, domingo tristonho...
Silencioso... Solitário...
Que nem as tardes do sertão que eu nunca vi.
O outro lado de São Paulo:
Nostálgico... infantil... perigoso...
Automóvel negro solitário...
O outro lado de São Paulo.
Flutua em teus ares, ó São Paulo, o aroma de solidão,
O cheiro de corre-corre solitário.
Corre em tuas ruas, ó minha São Paulo,
O Vazio-sem-graça-paulistano.
Ó amada minha, musa dos meus sonhos
Desejo-te ao sonhar em minha cama...
Mas não és Maria, nem Joana...
És minha pura e casta, vazia e vasta:
Minha querida São Paulo!
E eu vivo preso em um escritório,
Mas minha São Paulo é tão maior...
Tenho vontade de correr e me lançar
Dentro dum ônibus rumo ao centro
Pra ver o fim de tarde de São Paulo,
E sentir o cheiro vazio de São Paulo,
E viver a noite vasta em São Paulo,
E morrer de amores e prazeres a sonhar com minha São Paulo.