Do Punhal
No papel a ponta de um punhal
que a palavra tirou da bainha
ferindo os olhos a cada linha
com sua lente sobrenatural
vem o colírio que antes não vinha
pra lubrificar a dor lacrimal
numa vinda que cega o real
dessa luz verbal que não era minha
pelo corte da palavra bendita
sangra o vermelho da ilusão
e mesmo doendo na própria mão
por saber que quem lê não acredita
ele escreve e sua escrita
faz do poeta um cirurgião.
30-05-2015