Do Punhal

No papel a ponta de um punhal

que a palavra tirou da bainha

ferindo os olhos a cada linha

com sua lente sobrenatural

vem o colírio que antes não vinha

pra lubrificar a dor lacrimal

numa vinda que cega o real

dessa luz verbal que não era minha

pelo corte da palavra bendita

sangra o vermelho da ilusão

e mesmo doendo na própria mão

por saber que quem lê não acredita

ele escreve e sua escrita

faz do poeta um cirurgião.

30-05-2015

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 31/05/2015
Reeditado em 11/12/2015
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