Metáfora para o poema
Eu corto o todo
que na matéria
toma do papel
mede desmedido
o tamanho da flor
e da taça de vinho
servida ao homem
com o coração
batendo cansado.
Por isso os cacos
de vidro cortando
e vinho sangrando
são fortes imagens
mais do que o sentir
na ponta d’um lápis
na ponta d’uma faca
na ponta da praia
que encontra o sexo
de um relógio tocando
a música do parar
e fazer quem acordar.
O poema acontece
no cão e na ave
e no ser amado
quando amor sente
no objeto a volta
poema por tudo
tomado objeto
não só no lápis
mas do coração
fazer sentir ápice
de tudo fazer emoção:
E faz da taça em cacos
do vinho enluarando
o branco da toalha
do cão que late
da ave que pousa
ou do que são proibidos
o que são bombas ao ar
motos na avenida
e lágrimas de partida
para uma viagem no mundo
olhando com olhos iguais
de fazer tudo mais
complemento um do outro
como o mar e o espelho
o espelho e o outro
o outro e a vida
a vida e o concerto
o concerto e a emoção
a emoção e a infinidade
infinito e Deus
ele, criação
metáfora para o poema
sem natureza do nada
que a vida não é conto
é romance do que não fala
a poesia sem matéria tirada
da natureza furiosa no chão
e no ar e no maremoto
das águas do beber e secar
que o corpo do homem
assim completa a teoria
de um que é outro todo
tudo transformado do que
criado já foi e é preservado:
dentro do homem
a terra,
dentro do homem
o ar,
dentro do homem
a água,
do homem
o mundo,
no mundo a construção,
na construção
o feito da natureza,
na natureza
tudo apenas um
e disto o poema.
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