Serpente

A serpente desliza na água

Saracoteia o rio

Devora a presa

Tem fome gigante.

Engole o mundo

Digerindo pensamentos

De ter dado uma maçã

Desmanchando o paraíso alheio

E fazendo do ócio

Uma palavra execrável.

Vida à toa nunca mais

O pecado fez do trabalho

Algo sublime e admirável

E da preguiça paradisíaca

Uma culpa que não se afaga.

A serpente desliza no rio

Sabendo que o deleite

Sempre escapa da sua mordida

Quando contra a correnteza.