BEIJO DA NOITE
Beijo da Noite
Em dias turbulentos, valha-me a calmaria!
Nessa vida que rodopia
Não ouço cotovia ou rouxinol...
Zumbe o ouvido e Zumbi tá longe
Arrefecendo tambores...
Ah! Se o ritmo dos afoxés e agogôs
Banissem de mim as dores!
A noite chega e a sala fica imersa em luz
Fluorescente...
Hoje seria um dia de a gente
Sentar e respirar o por do sol...
Impregnar-se dos matizes rosados
Depois dos vermelhos-laranja
E por fim, sem se dar conta
Ver que o âmbar tomou conta
A luz esmaeceu...
No céu a estrela rompeu a barreira do infinito...
Somos ela e eu ...
Parece até que meu corpo se esvaiu
Se transfigurou
Transmutou...
E olhando o infinito
Nesse instante de ocaso...
Já não sou só eu...
Miríades de pequenas luzes
Brilham incógnitas...
A lua também se espraia...
Não sei se é noite na minha alma
Porque as luzes insistem em brilhar...
Não é só noite escura...
Também é a calma
Que vem docemente me beijar...