O DEPOIS NO TEMPO
Depois de um tempo sozinho
A gente se desentende
Com afinco
Pela severidade da rotina
Destemida do vai-e-vem
De todo dia
Que anuncia, cuspida
E maniqueísta, o amanhã
Porque o certo é reto;
A devassidão, torta
Temerária
A um triz da sua cama
De cujas horas decaem seu sono vadio.
O lamento da lástima
Nada cria,
Senão a sensação
Que jaz e fulgura inexata
Em dimensão
Inalcançável
Às suas mãos
Tentando dimensionar
A vazão do equilíbrio
Do ébrio cubículo
De sua razão
Ora, esse limiar é tão profundo...
Inútil percorrê-lo,
Maratoneando conhecê-lo
Onde irá parar?!
Já o copo é assaz profícuo
A convencê-lo
De que o que busca é a reticência.
Coaduna-se bem - na ambivalência -
Com o resultado
Da serendipidade
Analógica de mim
E esse espasmo
É mesmo um marasmo
Sem fim
Depois de uma garrafa de vinho
Você poetiza melhor
O caminho
O desfecho
E o último trago
Lento
Absorto e amargo
É tão puro quanto um beijo
Uma lágrima ou suor...