O DEPOIS NO TEMPO

Depois de um tempo sozinho

A gente se desentende

Com afinco

Pela severidade da rotina

Destemida do vai-e-vem

De todo dia

Que anuncia, cuspida

E maniqueísta, o amanhã

Porque o certo é reto;

A devassidão, torta

Temerária

A um triz da sua cama

De cujas horas decaem seu sono vadio.

O lamento da lástima

Nada cria,

Senão a sensação

Que jaz e fulgura inexata

Em dimensão

Inalcançável

Às suas mãos

Tentando dimensionar

A vazão do equilíbrio

Do ébrio cubículo

De sua razão

Ora, esse limiar é tão profundo...

Inútil percorrê-lo,

Maratoneando conhecê-lo

Onde irá parar?!

Já o copo é assaz profícuo

A convencê-lo

De que o que busca é a reticência.

Coaduna-se bem - na ambivalência -

Com o resultado

Da serendipidade

Analógica de mim

E esse espasmo

É mesmo um marasmo

Sem fim

Depois de uma garrafa de vinho

Você poetiza melhor

O caminho

O desfecho

E o último trago

Lento

Absorto e amargo

É tão puro quanto um beijo

Uma lágrima ou suor...

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 27/05/2015
Reeditado em 08/08/2022
Código do texto: T5256290
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