Grunidos.

Morro sempre pela boca

Pelas palavras ditas

as não ditas me aconselham.

O meu interlocutor me ignora

sabe que no fundo

cada palavra dita

não passa de desespero.

Desespero por não suportar

o frio na espinha, na barriga

a boca seca, a mão fria

o arrepio da pele

e o pedido incessante

do meu corpo chamando o outro.

Se o SE fosse uma possibilidade

Se o talvez não fosse mais uma resposta

Acordaria do sonho eterno

e não mais morreria pela boca.