Vãos
No calor arredio da noite
caminho quase enfermo.
Entre um passo e outro
sigo desnudando de mim.
Tento agasalhar-me em ti
como se eu fosse um parasita
embrenhado em sua cama
preso às amarras de cetim.
Meu corpo, já nu, verga
sobre o seu em chamas
enquanto seu cheiro
agre-doce me acalenta.
Nossos corpos vibram
como cordas de harpa,
é um vai-e-vem sincronizado
onde você é a flauta, eu, o som.
Assim minhas mãos lá se vão
ora pelos cabelos
ora pelos pêlos
ora pelos vãos.