Vãos

No calor arredio da noite

caminho quase enfermo.

Entre um passo e outro

sigo desnudando de mim.

Tento agasalhar-me em ti

como se eu fosse um parasita

embrenhado em sua cama

preso às amarras de cetim.

Meu corpo, já nu, verga

sobre o seu em chamas

enquanto seu cheiro

agre-doce me acalenta.

Nossos corpos vibram

como cordas de harpa,

é um vai-e-vem sincronizado

onde você é a flauta, eu, o som.

Assim minhas mãos lá se vão

ora pelos cabelos

ora pelos pêlos

ora pelos vãos.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 13/06/2007
Código do texto: T525508
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