OUTONO/VERÃO
OUTONO/VERÃO
Queima a tarde
Num sol inclemente
Demorará o poente
Para aplacar este outono
Verão
Em que as folhas estorricadas
Espalham-se pelas calçadas
Espremidas pelas gentes
Que passam esbaforidas
Loucas para chegar a sombra
E ao chegar
Desfrutar de um copo d'água
Fresca, insípida
Mas extremamente saborosa
Paradoxo que pouco importa
Porque após a porta
Está o frescor da casa sua
E se lhes aprouver podem ficar nuas
Até que o ocaso traga
A queda da temperatura
Enfim outonal e que perdura
Noite adentro
E se acompanhadas
Juntam-se dentro
Em pernas entrelaçadas
Cobertos por edredons calorentos
Até que corpos em fogo
Misturem salivas e suores
Suspirem em gozo
E queimem diferentemente
Da tarde inclemente
Corpos mui ardentes