OUTONO/VERÃO

OUTONO/VERÃO

Queima a tarde

Num sol inclemente

Demorará o poente

Para aplacar este outono

Verão

Em que as folhas estorricadas

Espalham-se pelas calçadas

Espremidas pelas gentes

Que passam esbaforidas

Loucas para chegar a sombra

E ao chegar

Desfrutar de um copo d'água

Fresca, insípida

Mas extremamente saborosa

Paradoxo que pouco importa

Porque após a porta

Está o frescor da casa sua

E se lhes aprouver podem ficar nuas

Até que o ocaso traga

A queda da temperatura

Enfim outonal e que perdura

Noite adentro

E se acompanhadas

Juntam-se dentro

Em pernas entrelaçadas

Cobertos por edredons calorentos

Até que corpos em fogo

Misturem salivas e suores

Suspirem em gozo

E queimem diferentemente

Da tarde inclemente

Corpos mui ardentes

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 25/05/2015
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