Gregoriano
Se se nasce príncipe ou princesa
Ou se o regalo é o sonho de nobreza
O rumo ao fim do poço é a certeza
Que chega a qualquer um, plebeu ou realeza.
Se o que se tem em mãos é rédea tesa
Ou se o caminho afirma-se em frieza
Negar reviravoltas é atroz proeza
Que atrasa o caminhar e se lhe apresa.
Se se impõe grande empreitada como uma empresa
Ou se o que se deseja aos ombros pesa
Deixar o fardo a outrem traduz baixeza
Revela seu caráter feito em torpeza.
Se ao invés de luta ardida se prende em reza
E velas ao santo e ao sujo mantém acesas
Aponta-se aí que se afunda em vileza
Sem se perceber parceiro ignóbil da avareza.
Se o mundo que te acolhe o faz com justeza
Espere sua colheita sem estranheza
E alvo certo será dos que a vida lesa
Tendo o final plantado em horta de crueza.