Ménade de Plástico
Empunhando um tirso de plástico
Que comprou com sua primeira mesada
Dança de botas na lama do êxtase,
Volta e dorme descalça no teu quarto de boneca,
Evoca Dionísio onde não pode ser escutada
Com a receita que compra em sebos
Para dar um retoque nessa tua maquiagem
Do desespero de querer ser incomum,
Essa sombra que passas em teus olhos
Para velar a passividade inerte que tens
Na sala de jantar da casa da família
Contrasta com teu batom caro citando frases recortadas
Enquanto tua consciência se desdobra
Abaixo do umbigo de um artista que conhece na noite
Acreditando que este será teu escudo moral
E te carregará no colo pelos ares densos do abismo
Que não se joga sozinha por não achar a loja onde vende asas,
Talvez as borboletas morreram no teu armário
Trancado para as ruas largas de tua cidade
Onde desfilas arrastando vanitas de isopor
Frágeis o suficientes para quebrar e descartar ao lixo
Quando chega em casa e diz bom dia
Depois de uma madrugada pseudo-hedonista
E ninguém sente o odor de vida em você
Por tua alma cheirar mais a resina
De centenas de manequins que você ja vestiu
Encenando vidas que configuram
Tua total e absoluta falta de coragem para vive-las.
24/05/2015