Ménade de Plástico

Empunhando um tirso de plástico

Que comprou com sua primeira mesada

Dança de botas na lama do êxtase,

Volta e dorme descalça no teu quarto de boneca,

Evoca Dionísio onde não pode ser escutada

Com a receita que compra em sebos

Para dar um retoque nessa tua maquiagem

Do desespero de querer ser incomum,

Essa sombra que passas em teus olhos

Para velar a passividade inerte que tens

Na sala de jantar da casa da família

Contrasta com teu batom caro citando frases recortadas

Enquanto tua consciência se desdobra

Abaixo do umbigo de um artista que conhece na noite

Acreditando que este será teu escudo moral

E te carregará no colo pelos ares densos do abismo

Que não se joga sozinha por não achar a loja onde vende asas,

Talvez as borboletas morreram no teu armário

Trancado para as ruas largas de tua cidade

Onde desfilas arrastando vanitas de isopor

Frágeis o suficientes para quebrar e descartar ao lixo

Quando chega em casa e diz bom dia

Depois de uma madrugada pseudo-hedonista

E ninguém sente o odor de vida em você

Por tua alma cheirar mais a resina

De centenas de manequins que você ja vestiu

Encenando vidas que configuram

Tua total e absoluta falta de coragem para vive-las.

24/05/2015

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 24/05/2015
Reeditado em 03/09/2018
Código do texto: T5253604
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