sussurro noturno

só, me ponho de

frente ao rio que

me sussurra palavras.

vou-me pelos redemoinhos

das águas, me entrelaçando a tudo

que me olha a beira do afogamento,

traço a outra margem com a lingua

do pensamento, e me segurando

nas tremuras do vento, a noite já

cobre o céu e seu caldo dolorido

já se espalha pelas árvores, não

sei o que sou e o que é esse lugar,

somente a lâmina fria do desespero

me aperto por dentro, sigo assim

mesmo, no rabo de um desejo

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 23/05/2015
Código do texto: T5252402
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