sussurro noturno
só, me ponho de
frente ao rio que
me sussurra palavras.
vou-me pelos redemoinhos
das águas, me entrelaçando a tudo
que me olha a beira do afogamento,
traço a outra margem com a lingua
do pensamento, e me segurando
nas tremuras do vento, a noite já
cobre o céu e seu caldo dolorido
já se espalha pelas árvores, não
sei o que sou e o que é esse lugar,
somente a lâmina fria do desespero
me aperto por dentro, sigo assim
mesmo, no rabo de um desejo