Fiz do silêncio o meu porta-voz
Fiz do silêncio o meu porta-voz
Não mais te querer:
prova de amor, não existe maior;
sair dessa quase arraigada obediência
que infesta-me em despropósito
e que só me traz o sofrer.
Querer quase sempre é poder,
e quando se tem o amor-próprio
a independência triunfa.
Por nós, eu quis desatar os nossos nós,
descosturar-me de ti
(desalinhavando em disjunta),
e retomar o fio do retrós.
Teci uma conduta como resposta
para inexistentes perguntas.
Buscando as virtudes de Jó,
cônscio, preferi calar...
E cá, entrementes,
e entre tantos quereres
de minh'alma aberta e em clausura
saí sem pestanejar;
fiz do silêncio o meu porta-voz.