Adeus ao Soneto
Felipe Vieira
Adeus ao Soneto – 04/03/2015
Percebe?
A natureza não tem linhas
Nem trilhas e círculos perfeitos
Como pôde, tu poesia viva
Transformar-se em soneto?
Uma forma
Uma ordem para significar o mundo
Mas o mundo mudou
Já não cabe em dois quartetos e dois tercetos
Por isso cala-te e parta Soneto
Vá para os anais
Bem fundo
Leve contigo os versos pobres dos poetas turvos
Aqueles que não se ouvem mais
porque o mundo mudou
e tornou-se mais barulho
mais absurdo
menos higiênico
com menos tempo para ouvir e sentir o desespero
Vai-te embora soneto
Antes que seja tarde
Percebe agora que já não é mais modelo de arte?
Estás expulso do paraíso
A estética desvaneceu
Poderás viver no exílio
Junto aos alexandrinos
Na memória
De quem um dia o leu