Gritos Inaudíveis
Pela Terra arrasto-me a buscar perdão,
Já me compreendi e perdoei, restando então,
Que o Maná da Piedade, caia do Céu...
Hoje grito meus lamentos ao vento,
Embora triste e sem qualquer intento...
Necessito, ainda que, gritando ao léu...
Deixei que o Tempo saqueasse o meu vigor,
E a Vida escorrer das mãos sem me impor,
Constrangida, vivo a fitar o chão...
Na ruína do corpo impõe-se o espírito,
Gerando a chama do orgulho no grito,
O peito treme em muda rebelião...
Vi meus gestos de generosidade,
Rasgados pelas garras da maldade...
Por tantos, tantas vezes fui traída!
Armada de ódio combati as violências,
Qual ciclo perpétuo... trago as evidências,
Gravadas nessa face sofrida...
Se abandonei ou fui abandonada não sei...
Sei que no vazio e na solidão fiquei,
Se errei, devo assumir toda a culpa...
Errar é tão fácil para o ser humano!
Mas o perdão sincero é sobre-humano...
Nem todo erro admite uma desculpa...
Sigo tentando... buscando uma saída,
Que das brumas, uma mão estendida,
Me amparando, cesse a minha queda...