FALSA ESFINGE

Nada é tão cruel quanto o desencanto!
Quanto assistir incrédulo o desvair da figura
É uma visão soturna que deprime e abate
Mas de quem é a culpa desta existência?
Quem o autor da peça ignara?
Quem esculpiu na matéria fluida tal escultura,
engodo da arte?
Quem contornou formas em movimentos
e expressões, ora nefastas?
Quem alinhou no contratempo, contornos vagos
num bloco em desabe?
Quem remendou grosseiras fissuras?
Quem encobriu defeitos com arte?
Quem se negou a ver na composição -  o desastre?
Enfim, se a peça já existia com suas anomalias e falhas
Sem o caráter que qualifica e impõe a arte
Erraste tu, ao corrigir bizarra obra alheia
Não há como erigir na areia, esfinge tão esfacelada!
dacosta
Enviado por dacosta em 21/05/2015
Reeditado em 21/05/2015
Código do texto: T5249168
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