Sem ressentimento

Quanta ternura sabe degustar

No adocicado aroma do sapoti?

Está tão frio lá fora, nem quero saber

Pois vamos sair.

Sairemos pelos degraus de calçadas obtusas

Pelas portas entreabertas de racionalismos vãos

Sairemos sobressaltados

De sobretudo e sem pisar no chão.

Digno é quem escuta sem saber a procedência

Digno é amar os poemas sem ouvir advertência

Um picareta joga poker apostando solidão

Um sedutor de versos e caneta preta na mão.

Sair sem pisar no chão

Arremessar o peso amargo da solidão

Vasculhar o infinito teto

Da antessala do primeiro vagão.

Sem se importar com tanto

Sem ressentimento por um solene Não!

Vinicius Santana
Enviado por Vinicius Santana em 21/05/2015
Reeditado em 26/07/2021
Código do texto: T5249161
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