Sem ressentimento
Quanta ternura sabe degustar
No adocicado aroma do sapoti?
Está tão frio lá fora, nem quero saber
Pois vamos sair.
Sairemos pelos degraus de calçadas obtusas
Pelas portas entreabertas de racionalismos vãos
Sairemos sobressaltados
De sobretudo e sem pisar no chão.
Digno é quem escuta sem saber a procedência
Digno é amar os poemas sem ouvir advertência
Um picareta joga poker apostando solidão
Um sedutor de versos e caneta preta na mão.
Sair sem pisar no chão
Arremessar o peso amargo da solidão
Vasculhar o infinito teto
Da antessala do primeiro vagão.
Sem se importar com tanto
Sem ressentimento por um solene Não!