UMA XÍCARA DE TRISTEZA
o café não todo consumido
é a borra bolorenta que se vê
o círculo cinzento assumido
a natureza como vista na tv
não gira o disco de esporos
logo o que se vê não se ouve
também me parecem inodoros
apesar do vigor do verde couve
me falta vista para apreciação
a luz da cozinha não se entrega
bem de perto parecem em oração
mas não posso dizer quem ali congrega
a indiferença do bolor me choca
crescem sobre sobras diversas
deleitam-se onde o fim se coloca
silenciosos como gatos-persas
se lágrimas caíram sobre a xícara
talvez nunca venha a saber
o tempo sobrepõe máscaras
só para que não se possa ver