Não raras às vezes,
avessa aos outonos do mundo,
adiei-me em nadas a afinar silêncios
 
Untava as mãos de beijos,
a alma de sonhos
e no seu quase imperceptível crescer
me convertia em carícias
 
E pensava :
 
Pudesse eu ser tu
e morar nos teus olhos,
e vestir a pele
da mesma água que hoje
umedece os teus lábios
 
pois no teu corpo
não há solidão,
apenas sede de infinitos...
 
E era um trabalho difícil ;
 
momento em que os ventos
carregavam nas pontas das asas
o meu sonho de ninho,
 
momento de rosas, tílias e acácias
desabrocharem perfumes en.canto
sobre as campinas,
borboletas e passarinhos
 
Mas já que havia inventado,
se não o fizesse,
quem mais o faria ?
 
Eu podia ver os versos
escorrendo nos orvalhos,
em fachos,
na nascença de tudo que flori
 
Ali as palavras moravam dentro
e eu dentro delas
 
Diziam-me que desperdiçava tempo
Como se o tempo não fosse rio,
independentemente da nossa vontade
A cada dia estávamos mais perto do fim,
ou re.começo, isso era certo
 
Mas eu gostava mesmo
era de desperdiçar o tempo
colhendo encantamentos
 
A vida sempre me sorria naqueles momentos...







 
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 20/05/2015
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