Mudo
Implosão cruel de verbos contidos,
Rasgando em dores a alma marcada.
Vísceras torcidas e garganta enrolada,
Espreme as palavras e abafa os gritos.
Dormência eterna de lábios sagrados!
Porteira macia que à voz não responde.
No aperto da fala a angústia esmaga,
Verdades que o coração não esconde.
E os dentes cerrados ferindo a pele,
Completam o triste cenário da série,
De dores e opressão corriqueira.
Vontade de me expressar, sempre tenho!
Mas o corpo e o medo freiam o empenho,
Da alma amarrada na voz traiçoeira.
IGOR TENÓRIO LEITE
15/04/2006