Teu amor era promessa renascentista
Daquelas que ilumina a alma do artista
Desejoso
Do destino aplainado das perfeitas formas.
Era assim teu amor
(assim o julgava)
Mas a promessa se partiu, revoltada
Fez-se sombra sobre as ruas de Firenze.

Nunca mais teu Michelangelo
Ou a mão ousada e quente
Oculta no chiaro oscuro
Irascível Caravaggio...

Fostes tão cruel em teus delírios de deusa
Que abalaste o Olimpo em que me entronei...
Nunca mais provar o néctar da tua boca
Teu sexo luminoso em talho raro

Estou devolvido à humanidade rasa
Não ouso recriar este desamparo...
Fez-se poente na Renascença
Onde brilhei por brevissímos instantes.