Versos a um Cão
Nascido da ignota mônada vibrante
Tu, amigo cão, não sabendo o que é morrer
Dormes na alegre inconsciência de teu ser
Enlutado na obnoxidade de tua alma errante.
Ganir versos como se tivesses vontade!
Contanto, sem razão, agonizas na dor forte
De existir numa acepção cretina, tal qual a morte;
Sem sentido!, sem propósito! à vida que te invade.
Nobilíssimo ser de alma sublime
Nas tuas recônditas entranhas, exprime,
Em sôfregos latidos tua vã natureza.
Hás de passar os anos de amargura
Na idiossincrasia de toda infeliz criatura,
Escravizado ao mundo que te malfazeja!