medieval

é noite

entre duas nuvens que sonhadoras passam

vislumbro - e nela me percebo -

a lua cheia de sol prenha

ando

meândricas ruas de alma medieval

discretamente perfumadas de neblina animal

pontuadas de tabernas bêbadas de álcol e alaúde onde, quem sabe, riu François chorou Villon

sem rumo nem ritmo aparentes

a esmo

direta e firmemente me conduzem

a mim mesmo

sigo em frente

entre duas nuvens que decididas passam

murmura a lua em meu ouvido

um símbolo há muito por mim esquecido

seja eu menina ou menino :

o desabrochado e debochado V da vitória

sobre as malditas e matemáticas leis do destino