Um pássaro, uma manhã...

“Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!” (Alberto Caeiro)

Um pássaro madrugador confessou nos meus ouvidos

que hoje o dia estará com uma feição espetacular.

- Sussurrou e saiu voando em disparada!

Surpreendentemente, não fiquei espantado com o fato,

maravilhado, descobri que somente eu ouvia pássaros...

- Isto, já faria o dia esplêndido!

É comum se fartarem no meu quintal e no meu jardim...

Aninham-se e se amam nas palmeiras e samambaias;

- mas, daí a segredar nos meus ouvidos!

Deve ser porque chegou a primavera e vão pintar tudo

com cores magníficas, deve ser porque é lei se alegrar.

- Na primavera, não se salva a tristeza!

Um raro lilás, um amarelo vibrante e um rubro sangue

sobrepuseram o verde do jardim pondo vida em tudo...

- o que se pintou, de fato, foi o meu olhar!

Parecendo um raio, talhou pelas flores um louco pássaro,

abriu o bico e cantou como nunca! Até ele se contemplou.

- Fiz-me de morto e apreciei a vida!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 16/05/2015
Código do texto: T5243571
Classificação de conteúdo: seguro