VAZIO
estou vazia...
vazia de tudo e de nada...
vazia de amor e de ódio...
vazia de vida e de morte...
o silêncio me oprime
e me massacra até as entranhas...
o silêncio me aterroriza...
o silêncio é um grito...
o vazio me enche o tédio,
que me machuca e me devora
e que me come as entranhas
que procura o fim do túnel...
angústia de viver
que é tão perversa e felina...
ingrata amante que devora
o coração que não respira...
é pedra que rasga a carne;
é punhal que corta a pele;
é vazio que mata o sentir;
é fogo que teima em queimar...
vazio do nada;
vazio do tudo;
vazio de vida;
vazio de morte...
nada, imenso nada
que inunda a vida toda
o sentimento que procura sentir
numa lagoa sem fim...
ser e não ser
ou ter e não ter...
o vazio preenche o vazio
no êxtase de ser vazio...
tudo desmorona...
seja sonho,
seja ideal,
seja esperança...
não há voo!
voo que alcance o infinito,
a própria eternidade da vida
no êxtase do prazer!
prazer de vazio
como uma roda do tempo
que não para nunca
na crueldade que devora...
vazio, sempre vazio...
tão perto, mas tão distante...
possibilidades... vida...
o vazio comunga a ilusão!