Desejo de Extinção

Garroteia-se o pescoço

Quando o sufoco

De ser

De se sentir

Sufocado

Sufocou

demais.

Chuta-se o banco

Com a corda

Áspera

Em volta do pescoço

Na intenção de arroxear e inchar a língua

E esgazear os olhos

Porque a vida chutou demais

Seus dentes

Sua cara toda

Seu nariz

Seu cu.

Afogar-se num dilúvio

De lágrimas amargas

Jorradas aos borbotões

Quando a tristeza bate forte

Quando a melancolia espanca os sorrisos

Quando todo vislumbre otimista de felicidade

Se esfarela, é aniquilado, pela perene e inclemente e eliminadora de matéria

A realidade.

Eu não sei o que te prende

O que me prende

Força maior pode ser o nome

Do incognoscível que nos mantêm aqui

Jogando um jogo cuja vitória inexiste

Pagando pra ver cada vez que saímos da cama

Enfrentando dragões invisíveis

Dançando com quimeras de bocas e cheiros

Que desconhecemos

Que jamais conheceremos

Fiando-nos ao fio da navalha da subserviência da ilusão

Que extinga esse desejo de extinção

E

De que um dia as coisas tomem um rumo

Que não o da viga

Com a áspera corda faminta dependurada

Abrindo um buraco negro para uma desconhecida dimensão

Que, por ser ignota, reacende a chama

Da esperança.

15/05/2015 - 00h51m

Joy Division - Love Will Tear Us Apart

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 15/05/2015
Código do texto: T5242248
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