DES MOTS D'AMOUR
Há aquelas palavras
com que escrevemos o mundo,
e o pintamos nas cores
do nosso entendimento.
Com elas nos afirmamos,
em frases que deixamos feitas,
e, com elas, nos saudamos,
em imensos sorrisos gramaticais.
Com elas esculpimos memórias,
perpetuadas em elegâncias de pedra eterna,
ou eternizamos glórias e conquistas,
a vermelho, sobre aço brilhante.
Há também as palavras duras,
com que repreendemos,
mais do que escrevemos,
tudo o que não cabe nas palavras esperadas,
em respostas a perguntas que ninguém fez.
Com elas limitamos territórios,
com cercas-vivas, e avisos
de coisas proibidas,
sinalizando vontades...
Com todas as palavras
escrevemos a vida, inevitávelmente,
ás vezes até com as não ditas,
usando pausas e silêncios
tornados significativos.
E há as palavras de amor...
As que se escrevem sózinhas,
em doces mistérios
de palavras-dadas,
e vidas empenhadas
em percursos paralelos.
Há outras, envolventes,
brincando de esconde-esconde,
e assim revelando intenções,
em negaças permanentes.
E há as que apenas traduzem
momentos especiais,
e tão singulares sentimentos
que, com elas, despertamos paixões
e palavras iguais.
Todos falamos todas as palavras.
Tantas, que já nem escutamos mais...