Amo-te, criatura!

Amo, sim,

tua forma de ser pedra

teu jeito de ser pó

tua persistência de ser gente

Amo teu bailado no vôo

tua sombra tão refrescante

teu som nas corredeiras

tua brisa alegre

tua sonora balbúrdia

teu amuo na chuva.

Amo-te em todas as estações:

quando acaloras minha pele

e também quando forras

meu chão de folhas

para que eu possa invernar-me

Amo tua primavera

e o teu exalar ora doce, ora cítrico

que me faz imaginar

um universo inteiro de águas

orladas de flores.

Calmaria no meu sonhar.

Amo-te, criatura

por todos os vales

todos lugares

que ainda não sei.

Amo-te quando anoiteces

e presenteia-me com todas as luas

permitindo que meus sonhos

viajem absurdos

só para esperar o dia raiar.

Criatura, amo-te!

no singular, no plural e

no infinitivo pessoal,

amo-te sem igual!