Luz e pele

Ouvi dizer que as pessoas não são feitas de luzes

mas têm peles, de que são feitas, e acariciadas,

e o que tocamos assim fazemos com as mãos

e os dedos, nunca com os olhos, nunca com as luzes.

E ouvi dizer mais sobre a figura emancipada dos

quadros e das ruas — parece que possui contornos

próprios, e sabe além de si num outro corpo, junto,

sem saber a poesia alheia, feita num prisma solitário.

Não há poesia sua, nem seus olhos que cegam caem

sobre o alvo — é amor de enquanto, e seta exata

o olho que escurece e não contorna a pele em mãos estranhas

pois é o olho o que não sente, o que não se toca,

visto que é somente poesia, e nada mais que um gesto,

e mais outro, na fúria e na lentidão, o que não possui mãos.

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