Transitando
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Transitando
Abraços abrasivos
Braços cálidos
Calorosos dedos.
Dados e estímulos
Estéreis féculas
Fecundos girassóis.
Giros e hinos...
Honras inglórias
Indomáveis justiceiros.
Juramentos e lamentações.
Loucos menestréis.
Mãos e navegações.
Negativas, opressões.
Ósculos potentes.
Poderosos e queixosos.
Querubins resignados.
Refúgios e serenatas.
Sociedade torpe...
Tormentos e uivos.
Úlceras viscerais.
Vestígios, xenofobias...
Xeques e zênites.
Zorras anunciadas.
Anais e zombarias.
Acima de tudo isso,
Você!
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 12 de maio de 2015.
10h36min
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Revelando-se
Por Deus, proclamo!
Que é o tempo?
Mera especulação, suponho...
Vi nos filmes,
li nos contos de fadas.
Tudo estaria nos livros, nas telas frias.
Ledo engano, tolice criacional.
Na terra, aqui, bem pertinho...
Coabitando com pobres mortais,
ainda existem deusas.
Deusas humanas, belezas geniais!
Olhos clarinhos, escurecendo intenções.
Cabelos loirinhos - tortura quando ao vento.
A pele branca, branquinha;
as curvas tantas, esculpidas no Olimpo...
Seduzem, instigam e maltratam!
Que lindos lábios,
atalhos do meu sonho!
Que encantador busto,
âncora do meu silencioso olhar...
Exprimir o corpo é singelo.
Descobrir a intimidade,
privilégio de poucos...
Percebo minhas limitações,
a diferença de castas...
Mas, acredite, minha princesa:
para um plebeu que admira,
não ter nada é tão digno de encantos,
realiza tantos sonhos,
que a simplicidade do teu olhar
suplanta as dores da vida,
tornando-se motivo de exaltação e plenitude.
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 12 de maio de 2015.
10h44min
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Ancestrais
Estamos em fusos diferentes,
confusos.
Somos mestiços, descendentes.
Avô holandês;
avó índia,
sou cafuzo, de hábitos indígenas.
Por isso o descaramento,
a cara lavada,
diante de tantos foras!
Estou em parafuso,
rodopiando,
ouvindo o canto das cotovias.
Tenho a sede dos rios bravios.
Deitado na rede de renda,
perscrutando o voo dos pássaros,
navego na mansidão ribeirinha...
Sou teu,
desejaria ser minha?
Observo o bailar das andorinhas...
Elas trazem presságios
da tempestade corporal
que tua nudez indígena,
ancestral, provoca.
Nenhuma máscara;
o batom cingiu-se da mata nativa,
rubro esplendor.
Deusa brasilis,
de pele europeia...
Tua tez clarividente,
nudez angelical,
permitiu que a flecha,
jogada ao rio,
refratada,
entrasse almejando atingir o peixe,
saindo reluzente ao encantar a sereia,
atingindo-lhe o coração
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 12 de maio de 2015.
13h12min
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Enfermeiro(a)
Entrego-me ao outro,
carinhosamente,
desdobrando-me em dedicação.
Pratico arte devocional.
Exijo de mim com rigor...
Sou obra-prima,
matéria-prima do amor.
Ao debruçar-me sobre o outro,
não me restrinjo ao corpo.
Atuo na alma,
plena de amor e emoção.
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 12 de maio de 2015.
17h07min
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