Dawson

Do sul, ruge o vento que arrepia a pele e congela a alma.

Sob os pés a areia que se nega a envidraçar-se e permanece, opaca testemunha, a moldar as marcas de quem a pisa.

A terra, monoliticamente gélida,

Esfria espíritos e suspiros, num engalfinhar de nãos e sins,

Num atropelar de riso e choro,

Num resvalar constante entre vida e morte.

Dawson... Dawson... Dawson... ... ...

Ecoa o indizível nome na noite austral

Refletindo-se em vulcões e mares,

Modelando-se em espinhos e flores,

Explicitando-se em grito e canto,

Esvaindo-se em neve e sangue.

À volta batem ondas indo e vindo como o ir e vir de ideias.

Esculpem o tempo, apesar de seu congelamento imposto a ferros, e dizem à terra solapada

Que o caos toda forma transmuda.

A noite, assustadoramente escura,

Deixa ver estrelas e galáxias, num apontar constante de veredas e trilhas,

Num indicar eterno de inícios e fins,

Num assegurar infindo de um porvir flamante.

Dawson... Dawson... Dawson... ... ...

Ecoa o indizível nome na noite austral

Refletindo-se em vulcões e mares,

Modelando-se em espinhos e flores,

Explicitando-se em grito e canto,

Esvaindo-se em neve e sangue.